Durante o período colonial, nas Minas Gerais, as mulheres forras, seguidas pelas livres (brancas e mestiças) legaram ao futuro uma quantidade nada desprezível de testamentos. Nesses documentos, aparecem registrados relatos feitos oralmentDurante o período colonial, nas Minas Gerais, as mulheres forras, seguidas pelas livres (brancas e mestiças) legaram ao futuro uma quantidade nada desprezível de testamentos. Nesses documentos, aparecem registrados relatos feitos oralmente por elas e transcritos por algum escrivão, bem como impressões, gostos, declarações de toda natureza e, ainda, informações preciosas, intencionais ou não, sobre família, mestiçagens, ascensão e distinções sociais, sociabilidades, mobilidade física, social e cultural. Os discursos dessas mulheres sobre o viver naquele universo colonial, incluindo o que, por vezes, se pôde captar nas entrelinhas dos testamentos, constituem o objeto central do texto e são o ponto de partida do diálogo estabelecido com esses personagens setecentistas.
França, E. (2009). Frágeis fronteiras: relatos testamentais de mulheres das Minas Gerais setecentistas. Anuario de Estudios Americanos, 66 (1), pp. 251-288.