Ocupação do
espaço urbano acontece de maneira extremamente desigual. Aspectos políticos,
econômicos e sociais convergem para a estruturação de uma problemática que
atinge sobretudo a população mais pobre, que é impelida a ocupar áreas
propensas a diferentes tipos de problemas socioambientais. Inundações,
deslizamentos e vários tipos de poluição recaem de maneira mais acentuada em
determinados grupos sociais que se encontram mais vulneráveis e fragilizados. A
ação do poder público, em muitos casos, legitima essa estrutura e fortalece a
reprodução social desse sistema. A partir dessa constatação, o trabalho busca
averiguar a maior vulnerabilidade da população pobre a problemas
socioambientais provenientes da deposição inadequada de resíduos sólidos
urbanos e a conivência do poder público local com tal situação. Conjetura-se
que essa problemática esteja ligada, em primeiro lugar, ao descaso do poder
público com pela população pobre que habita áreas insalubres e, em segundo
lugar, à incapacidade de articulação dessa população para reivindicar melhorias
em seu espaço cotidiano. Para esta investigação foi selecionada uma área de
deposição de resíduos no bairro Jardim Graminha, na cidade de Leme (SP), e
através da observação sistematizada realizou-se a análise dessa área. O estudo
mostra de maneira evidente a vulnerabilidade da população que vive próximo a
essa área, que recebe diferentes tipos de lixo, e a falta de controle do poder
público. Destaca-se ainda que a intervenção do poder público local e a
utilização de instrumentos técnicos e políticos são necessárias para o
planejamento e gestão do território com o intuito de mitigar os problemas e
diminuir a vulnerabilidade socioambiental da população mais pobre
Orsi, R. (2013). Convivendo com o lixo: a vulnerabilidade socioambiental no bairro Jardim Graminha, Leme, SP.AUGMDOMUS, 5, pp. 13-32.