Este trabalho tem início com uma indagação: por que tem sido tão freqüente, no meio acadêmico e na produção historiográfica brasileira, durante anos recentes, a falta de clareza com que são tratados significantes tão distintos quanto “reforma agrária” e “questão agrária”? Recordando, com base em Pierre Bourdieu, que o poder simbólico consegue transformar relações de dominação/submissão, em relações afetivas e, mais ainda, que quanto maior o sentimento mobilizado, maior é o grau de ocultamento das diferenças -sejam elas sociais, políticas, acadêmicas ou de qualquer espécie-, sendo ofuscada, neste processo, a própria operação de violência perpetrada, parto do princípio de que, no campo da história e das ciências sociais, nenhuma escolha de palavras é ingênua ou neutra.
De Mendonça, S. (2002). Agricultura, questao agrária e reforma agrária no Brasil do século XX. Trabajos y comunicaciones, nro. 28-29, pp. 68-95.